Os festejos juninos são originários do
hemisfério norte, onde a chegada do verão ocorre entre os dias 22 e 23 de
junho. O verão era recebido pelos povos antigos com vários rituais pagãos em
homenagem ao deus Sol, para que ele propiciasse a fertilidade do solo, o
crescimento das plantas e a fartura das colheitas. Segundo nos revelam Sky
(1989) e Danforth (1989), na Grécia e na Roma antigas, os deuses da colheita
eram reverenciados com enormes fogueiras, cantorias e danças.
As fogueiras eram acesas para livrar as
plantações dos maus espíritos que podiam impedir a prosperidade. Ferônia, a
deusa italiana dos cultos agrários, era homenageada com fogueiras, e os
predestinados caminhavam sobre as brasas da fogueira quando o fogo já havia
baixado. Toda a família participava deste ritual, para purificar-se dos
possíveis males corporais.
As festas juninas foram introduzidas no
Brasil pelos portugueses, ainda no século XVI. Aqui, elas sofreram mudanças,
com novos costumes sendo acrescentados aos antigos. Alguma região do Brasil
mantém-se viva esta antiga tradição de caminhar sobre as brasas da fogueira de
São João.
Os devotos tomam a caminhada como um agrado
ao santo, que em troca lhes concede o "milagre" de que eles não
tenham os seus pés queimados. Entretanto, os próprios devotos alertam para o
fato de que a fogueira tem que ser de lenha, de madeira comum e que só deve
caminhar quem tiver realmente fé no santo protetor. Na verdade, desde a
antiguidade, esta travessia sobre as brasas impressionava vivamente a multidão.
O curioso é que as pessoas não se queimam nesta inusitada atividade. É
frequente que o padre abençoe os fiéis para que ninguém se machuque durante a
caminhada sobre as brasas, tida como uma prova de fé. Também outras religiões
creditam um alto valor simbólico a este ato de caminhar sobre brasas,
principalmente aquelas que preservam rituais de origem africana.
Explicação Científica do
Caminhar sobre Brasas
O fenômeno é explicado pela combinação dos
seguintes fatores: baixa condução, isolamento térmico e um curto intervalo de
atrito entre o pé e a superfície do braseiro. Se o fenômeno fosse atribuído ao
poder da mente ou a fé, poderíamos trocar as brasas por uma chapa de metal
quente na mesma temperatura que as brasas. Mas se fizéssemos isso as pessoas
queimariam os pés porque, ao contrário das brasas, a chapa metálica tem alta
condutividade.
O caminhar sobre brasas é feito geralmente
após a temperatura da fogueira já haver esfriado. Ninguém acende a fogueira e
começa logo a caminhar. Espalham-se os pedaços de carvão pelo chão e deixam-se
os mesmos esfriar por certo tempo. Deste modo, os pedaços de carvão ficarão
encobertos por certa quantidade de cinza. A cinza tem uma condução térmica
ainda menor que o carvão sólido e reduz, assim, ainda mais, a transmissão do
calor das brasas para os pés. Aqueles que caminham sobre as brasas não
gastam muito tempo sobre os pedaços de carvão; eles mantêm-se sempre em movimento.
Um tempo de contato de no máximo 1 segundo, com cada pedaço de carvão, parece
ser um valor seguro para garantir uma baixa transferência de calor para os pés.
De todo modo, caminhar sobre brasas é um
procedimento possível, fisicamente explicável, mas que não deixa de ser
bastante arriscado.
Comentário:
Confiar na ciência ou não depende de cada
pessoa. Acho muito importante ter fé em Deus e devoção aos Santos, a nossa fé
tem que ser sustentada no exemplo de Jesus. Então a questão fé ou ciências
sempre estarão presentes buscando uma explicação.
Albert Ap Guarnieri